segunda-feira, 13 de junho de 2011

"Há doenças piores que as doenças


Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.

Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.

Dá-me mais vinho, porque a vida é nada."



Fernando Pessoa
Ah, a vida e suas ironias... :)

Alguns questionamentos depois, textos postados e despostados e repostados, numa tentativa vã de manutenção da coerência (?), me ocorre que talvez a sombra que tanto me incomoda seja a da minha própria cabeça, que, olhando para o chão, não consegue ver o sol, mas tão somente sua própria sombra  - é óbvio! Vem então, ironicamente, no rádio do táxi, como num efeito de edição, a trilha sonora mais apropriada para esta tarde de segunda-feira 13, na voz de Chico, compartilho.
E quer saber? Cansei. Balela esta história toda. Balela essa coisa de que o sentimento tem que ser livre. Utopia essa liberdade toda que eu achava que podia fazer com que fóssemos felizes ao limite. Bobagem.
Eu não quero mais um monte de momentos soltos na vida.
Eu quero a constância. A tranquilidade.
Cansei dessa radicalidade toda. Desse fazer o que der na telha.
Eu não quero um dia lindo seguido de vários outros sem sol.
Eu quero o verão que é quente, mesmo quando chove.
É o seguinte: Regras são necessárias. E não apenas para serem quebradas.
Tem que ter uma ordem.
Cansei de viver nesse caos.
Tô buscando a serenidade e ela não pode se dar ao luxo de sair por aí bancando quem pode tudo.
Vamos estabelecer certos limites. Vamos determinar até onde se pode ir e sentir e viver, sem que haja maiores problemas depois.
É que meu preço por bons momentos tem sido muito caro e eu tô meio sem crédito.
Tô agradecida por tudo o que eu tenho HOJE. O que eu já tive e não tenho mais, SE FOI. E foi por opção. Tudo na vida é opção.
Não há como culpar ninguém pelo que acontece. E não há como voltar atrás. Se você fica preso em alguma coisa que está indo embora, você corre grande risco de ser arrastado. Por quilômetros!!! Até perceber que não tem forças suficientes para mudar uma opção alheia. A vontade é a maior força do universo.
Controlar nossas próprias escolhas já é difícil demais. Pra que ter mais tormento tentando controlar as do outro, sobre as quais, apesar de tudo, não temos a menor influência?
E por mais que seja difícil, a gente tem que entender uma coisa: O esquecimento é uma opção e a lembrança também.
Então tô seguindo a regra número um: A de lembrar de quem ESTÁ me fazendo feliz. E esquecer de quem um dia já me fez feliz. Se já fez, é porque não faz mais, então tchau!
Deixando o passado no armário, onde é o lugar dele (guardado, é verdade, mas fechadinho lá dentro), e vestindo o presente, que me cai tão bem.

Que textinho mais auto-ajuda!


Regra número dois: Acabou a era da superexposição sem culpa...

De agora em diante só vou escrever textos científicos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Quando viu que tinha me dado um coração raso, daqueles que com um mergulho inocente já se chega ao fundo, Deus ponderou. Que pobre criatura resistiria com essa intensidade toda nesse mundo de sentimentos limitados? 
E num ato de gentileza, como forma de compensação, me presenteou com lágrimas fáceis, uma constante distração e uma memória fraca. E aí, deu pra ser feliz, apesar dos pesares. 
Deus sabe mesmo o que faz.
:)

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Resultado:
Um croquete indigesto, um sapato novo sujo de terra vermelha, um roxo na canela, um pôr do sol INESQUECÍVEL, vários grilos na cabeça e uma noite mal dormida.
Ficaram apenas algumas poucas certezas. A primeira delas era que Frei Betto tinha razão sobre a nudez. 
No mais, entendeu que, às vezes, quando as coisas descambam, é melhor que descambem mesmo, de verdade, completamente descambadas. Porque pouco é nada e a vida é uma só.
Mas agora tinha a certeza que ser boa companhia não lhe seria o suficiente.
E se o mundo precisasse parar para que conseguisse ouvir o que o silêncio tinha a lhe dizer, hoje ele pararia. Pelo menos hoje. E o amanhã resolveria só amanhã.
Ou protelaria um pouco mais, ou não resolveria nunca.
A vida era um emaranhado de não-resoluções. Sei lá.
Vai saber se é melhor um quadrado com arestas a aparar do que vários ciclos em interseção...
Vai saber...
Ainda assim, estava mais feliz hoje do que na semana passada.
E revendo seus conceitos, aproveitava para citar Vinícius: "É melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe é assim como a luz no coração..."
Havia outros conceitos que precisava rever, mas por enquanto este estava de bom tamanho. 
:)

Minhas metáforas são textos para cegos. É preciso aprender a escrever em braile. 

Eu queria escrever um texto sobre construções e reformas em geral.
É que não há nada mais difícil do que encontrar bons profissionais nesta área. Ou encontrar aqueles que desempenhem a contento e sem delongas o trabalho que você espera que eles façam.
O pior é que os serviços são muito especializados e encontrar um profissional brilhante em uma área não significa nada, já que se o outro não fizer bem a parte que lhe cabe, certamente haverá problemas futuros. É quase que um trabalho em equipe. Uma parceria.
Sem contar os gastos que se tem. Estes não vou nem mencionar.
É o preço que se paga por não querer algo idealizado por outrem. É o preço que se paga por querer tudo com a sua cara, exatamente à sua maneira.
Difícil, muito difícil.
E neste trabalho conjugado de eletricistas, pedreiros, gesseiros e afins, a gente vai guardando uma expectativa gigantesca de ver na prática o que foi um dia só idealização.
Dispensa-se dali o arquiteto que não entende que uma varanda não é um desperdício de espaço útil, mas sim um lugarzinho de aconchego na casa. A gente não quer só espaço útil, a gente quer sentir que ali é o nosso lugar. Ainda que não tenha a menor utilidade.
O pior de tudo é a sujeira que se faz durante a reforma. Difícil de limpar. Mesmo.
Quebrar tudo é até rápido (não que seja fácil, mas, rápido, isso não se pode negar), agora, para reerguer... Haja paciência.
Falo por experiência própria.
E o pior é aquilo de ter que ficar acompanhando a obra. Dizem que é o olho do dono que engorda o gado...
Às vezes, a vontade que se tem é de só voltar lá quando tudo já estiver prontinho. Ou de não reformar nada,  deixar a casa daquele jeito até o dia em que não fosse mais possível viver lá. Aí era só mudar pra outra casa já pronta e seguir o ciclo. 
Ah, se as coisas pudessem ser assim.
Mas por mais que não se perceba, o tempo também age sobre os imóveis.
Quebrar e refazer paredes com rapidez e facilidade, do jeitinho que a gente deseja, seria então o ideal.
Mas as reformas levam tempo... Toda e qualquer reforma leva tempo. Ainda mais quando se opta (ou se é obrigado) a derrubar tudo. Aqueles casos em que o problema foi abalo na estrutura... Aí não tem jeito.
Vai demorar mesmo.
MESMO.
Ah, se houvesse uma forma mais simples de fazer isso tudo, agora eu não estaria aqui com pó de cimento até os cabelos...
Eita! 

sábado, 4 de junho de 2011

E enquanto via a multidão passar se perguntava se era muita prepotência querer exclusividade nesse mundão de meu Deus... E era, concluía. E era.