Ele é o que chega devagar.
E ainda que chegue devagar, e ainda que venha lentamente, é capaz de inundar todo o espaço do oceano antes que se note sua presença.
Estava lá, mesmo nunca tendo estado, e, apesar de não existir, estivera sempre à espreita. Esperava a hora certa e o bote foi certeiro.
Conseguiu o que jamais conseguiria.
E teve a certeza que aquilo era tudo, sem que percebesse que na verdade era nada.
Dentro de toda a imensidão que o nada é, dentro de toda a infinidade do absoluto. Nada é mais infinito, nada é mais irrestrito.
E por não ser nada o desfez.
Porque apesar de tudo, ele era alguma coisa. Ele era qualquer coisa.
Agora não se cabe onde existia e se alimenta do que o consome.
Sua permanência é baseada no inconstante, na regularidade da água.
Agora tem as cores de uma primavera – invernal.
É o que não era, sem jamais ter deixado de ser.
Assim, indefinida, a redundância é natural.
E respira com certa dificuldade, já que o nada não permite nem o ar.
Tirania.
Porque o tudo comporta qualquer coisa, porém, o nada não comporta coisa alguma.