quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Farta da monotematicidade dos narcisistas.
Da estaticidade dos acomodados.
Da inércia dos sem-iniciativa.
Eu quero o novo, o movimento, os riscos.
Eu quero as cores da novidade.
Descobrir novos caminhos - ou criá-los, quem sabe?! -, fazer novas escolhas.
Eu quero a agitação dos acontecimentos inesperados, dos sentimentos surpreendentes e da expectativa de respostas.
É preciso que haja perguntas.
As dúvidas movimentam o pensamento, lhe dão vida.
Eu quero encontros de alma gêmea: amigos, irmãos, amores.
Eu quero zerar o cronômetro. Bater meus records.
Eu quero a possibilidade de ponto final, de esquecer dos erros cometidos, de ter nova oportunidade de fazer o melhor.
Esperança.
Eu quero a serenidade e a explosão.
Eu quero isso, aquilo e aquilo outro.
Eu quero tudo. Eu quero não precisar de nada. Eu quero precisar de alguém.
Um brinde à vida! Ao recomeço constante. E à possibilidade de poder ser tudo o que não fomos, mas que gostaríamos de ser.
Reinventemos. Reiventemo-nos.
Que venha!
Feliz 2011!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Olhando de fora era nada mais que uma pessoa qualquer. Internamente, porém, havia um mundo.
Seus sentimentos estavam apenas inicialmente vinculados a alguma pessoa ou acontecimento, adquiriam vida própria e independência assim que se davam por si, e passavam a ser compreensíveis unicamente por quem os sentia.
Qualquer tantativa de verbalizá-los tinha se revelado insuficiente e incompreensível a olho nú (ou a ouvido nú, para ser mais minuncioso). 
Talvez por isso, não gostava de se despir.
O presente estava lá, ao seu alcance, mas preferia deixá-lo embrulhado a dividir a emoção de tê-lo com mais alguém.
Podia ser ela, ele ou qualquer outro, e podia estar aqui, lá, ou em qualquer lugar, mas, sabia, era absurdamente complexo o complexo de emoções que existiam ali dentro.
Não era uma pessoa espetacular. Aliás, não tinha nada de especial.
Era egoísta mesmo. Pronto.
Como era a única pessoa que detinha o conhecimento do seu interior, guardava um certo ar de superioridade quando se pegava pensando em qualquer coisa.
E achava que qualquer pessoa jamais seria capaz de compreender o que compreendia, só.
Não contribuiria em nada para a história. Não daria razão a grandes mudanças sociais. Não seria precursor de revoluções.
Mas, e daí?

domingo, 12 de dezembro de 2010

Não era bem para ser daquela forma, mas nem ele conseguia entender o que desencadeava cada explosão.
Quando percebia que tudo ia conforme o esperado vinha o medo de acontecer de novo.
É que estava sempre muito feliz com o que lhe acontecia. Rendia graças pelas benesses que, sem merecer, recebia, mas, bastava perceber que tudo ia bem, para que as coisas começassem a perder o sentido.
Era preciso se manter imerso, porque a cada emersão,  rompia-se o lacre e voavam estilhaços para todos os lados. Após a explosão, os vidros em que guardava os ingredientes de cada experimento se transformavam em mil pontos brilhantes que cintilavam sobre sua pele ao se olhar contra a luz, e ele, (im)pacientemente, via-se obrigado a retirá-los, um a um.
Alguns não deixavam resquícios, outros, cicatrizes enormes, mas ele sabia que a dor era menor que o incômodo de antes.
O incômodo da felicidade descontrolada. O incômodo da felicidade desconhecida. O incômodo da felicidade inesperada e não merecida.
No contato com a vida e com a verdade da felicidade que lhe alcançara ele se desconhecia.
Ficava a sensação de pedras no sapato no meio da procissão.
Entretanto, era como se pisasse com o corpo inteiro. Quando pensava por esta perspectiva, tudo o que desejava era que ao invés de ser o pé fosse a pedra.
E no meio disso tudo, quando sentia que estava próximo de acontecer, tinha duas opções: Ou reprimia tudo isso, fazendo um esforço sobre-humano para guardar tudo lá dentro, e vivia com a meia felicidade que coubesse no espaço não ocupado pelas pedras, ou deixava vir.
Mas contentar-se apenas com metades não era algo que lhe fazia feliz. Ainda que fizesse toda a força, os sentimentos incompletos e inseguros eram altamente inflamáveis, era quase impossível evitar que detonassem.
E então, quando percebia que estava prestes a acontecer, deixava que fosse.
E era.
O barulho era grande, o trabalho de reconstrução seria árduo, mas ele renascia.
É que por mais que as explosões destruíssem, elas determinavam um recomeço, e isso é sempre bom. 
Abriam-se novamente à sua frente todas as possibilidades.
E ele estava novamente imerso. E feliz.